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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

AS MULHERES DESEJAM MESMO ABORTAR?




Convivo diária e semanalmente com muitas mulheres. Reúno-me com um grupo que debate problemas femininos enfrentados por verdadeiras heroínas. Na associação de moradores de meu bairro convivo com a maioria de mulheres que compõe a direção da entidade. Como educadora participo de empreendimentos de alto interesse das mulheres, inclusive idosas. Nos ônibus que me transportam ao trabalho e a tantos cantos de Goiânia vejo e ouço mulheres.


Em todas as situações percebo o debate em torno do aborto. Todos se posicionam com respeito ao que diz a candidata Dilma e com o que pensam os “anti-abortistas”. Reconheço a enorme confusão entre as necessidades femininas, o que disse Dilma e as acusações que lhe fazem certos grupos.


Mas a verdade é que Dilma disse que nenhuma mulher deseja abortar. Correto. Somos geradoras e cuidadoras da vida sempre. Nossos corpos e almas se unem inteiros em favor da vida, principalmente em se tratando de gravidez, da geração de um novo ser humano. Não é contra isso que Dilma fala.


O grande equívoco ou até maldade é colocar no discurso de nossa futura Presidenta o que ela não disse e não pensa. Nesse sentido há pessoas e grupos que pedem a seus seguidores que não votem nela e, com isso, incitam ao golpe e à ilegalidade.


Precisamos, sob coordenação do governo, levantar o debate sobre o aborto, sim. Todas as mulheres,  afirmo sem medo de errar,  todas as mulheres que desejam filhos abominam o aborto. Mas há situações extremamente desumanas que abalam e  ameaçam as vidas das mulheres. Estupros, inclusive por parentes, por marginais etc que geram gravidezes indesejadas produzem imenso mal-estar nas mulheres e nas suas famílias. Via de regra acabam por se socorrer de “serviços” marginais e anti-higiênicos, altamente atentatórios à saúde e à vida. Muitas morrem ou são mutiladas. Os geralmente solteirões nunca mencionam esse problema em suas críticas dogmáticas e raivosas. Baseiam-se em preconceitos religiosos sem vida e sem prática.


Sou mulher cristã e convivo com cristãos que não defendem o aborto pelo aborto. Eu também não o defendo nessa condição. Defendo a vida e as mulheres. Defendo que devam contar com todas as condições de vida em favor da vida, inclusive contra a violência que as obriga a gravidezes indesejadas  e arriscadas. E defendo que se deve debater essa questão sim e não nos intimidarmos com surradas ameaças de excomunhão dos tempos da Idade Média. Respeito católicos, evangélicos, espíritas e outros que não aceitam o divórcio. Mas não aceito o autoritarismo de pessoas dentre esses princípios que desejam no grito impor suas opiniões como verdades absolutas.


A verdade absoluta nasce da liberdade democrática da decisão da maioria, com o auxílio da ciência.

Um comentário:

  1. Jô, muito interessante seu texto. E, como mãe jovem, posso afirmar, sem dúvida alguma, que o aborto deveria ser considerado como uma opção legal para as mulheres. Não só em casos de violência sexual, e sim em qualquer caso em que a mulher não se sinta pronta emocionalmente e economicamente para sustentar uma gravidez, uma vez que, quando a mulher opta em levar a gestação sem amor, a criança acaba sofrendo com essa decisão. E vale lembrar que a burocracia e a falta de planejamento do governo para abrigos e para a adoção interfere diretamente na vida de uma criança que ainda nem nasceu. O aborto deveria sim ser alvo de uma discussão em que os preceitos religiosos fosses deixados de lado e a conduta humana, a qual vivemos, fosse respeitada.

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