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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Perdas e Ganhos



Pertencem inexoravelmente a condição humana, as perdas e o luto. Todos somos submetidos à férrea lei da entropia: tudo vai lentamente se desgastando, o corpo enfraquece, os anos deixam marcas, as doenças vão nos tirando irrefreavelmente nosso capital vital. 

No momento da perda nos sentimos vitima. É o momento em que a pessoa percebe os limites incontroláveis da vida e reluta em reconhecê-los. Não raro, ela se culpa pela perda, por não ter feito o que devia ou deixado de fazer. Perder alguém é como tirar o quadro de uma moldura que continua pendurada na parede.

É como ver uma janela que já não mais se abre, mas por onde nos debruçamos tantas vezes. É como uma peça que falta no puzzle do nosso ser, do nosso crescimento.
Perder alguém é um abanar da nossa estrutura, é abrir rachas.

É como um apagar de luzes num caminho aberto ao céu. É como um sentimento que já não se sente. É uma irracionalidade, uma loucura, uma estupefação, uma derrota, uma decepção.

Quando conhecemos alguém e nos apaixonamos nos enchemos de esperanças e muitas vezes erroneamente condenamos o outro a ser responsável pela nossa total felicidade, o outro muitas vezes nos condena ao mesmo, da à mesma condição de sermos responsáveis por todos os seus acertos. É como se não pudéssemos fracassar, mas a lei da vida é bem diferente. Tudo se desgasta, tudo passa e senão tivermos cuidado e zelo os relacionamentos se tornam um verdadeiro campo de batalha. São dois inimigos ferrenhos ocupando o mesmo espaço. E o mais curioso de tudo isso é que não permitimos a perda, travamos uma luta frenética e psicótica, em busca de salvar aquilo que não mais existe. O que não nos interrogamos mesmo é o medo de desconstruir um projeto que nos mesmos construímos e responsabilizamos o outro porque não queremos esvaziar esse espaço interno que há em nos.

Perder alguém é uma pergunta a Deus, mesmo quando n´Ele não se acredita.

É como uma vitória das trevas, uma derrota do Bem.
Uma dúvida sobre a sobrevivência.

Perder alguém é uma lágrima, um choro, um oceano de dor e de grito.

É como um mar calmo onde se precisa de vento.

Durante ao longo da minha vida quantas perdas tive. Convivi com o luto desde muito criança, quando perdi meus pais barbaramente, e nesses ventos da vida, nesses oceanos escuros, passei por muitos abortos, abortei alguns amores. Curiosamente quando percebi que tudo tinha passado me senti perdida em um enorme vazio, me sentindo exaurida como se tivesse voltado da guerra sem vitorias, mas que não mais houvesse guerras e que por nada mais tivesse que lutar. Só ficaram as marcas, o luto passou, mas é preciso continuar a remar em mares silenciosos da minha alma de mulher, mares silenciosos e vazios.

Quando o amor se vai ele não se foi, ele é meu. O mar se acalmou, recolhi os meus barcos e me prepararei para novas viagens, para junto a alguém navegar outros mares.
 Perder alguém é extirpar parte de nos. Fechei-me em meu próprio casulo e lancei ao meu barco e vou navegar outros mares.

Eu Jucilene Pereira Barros, baseio a minha vida, todos os meus amores, passam e perpassam pelo ponto de vista político e transformador, pela pedagogia da libertação e do individuo politizado.Por esses mares é que navega o meu barco e por ai cruzarei muitos mares.



sábado, 17 de setembro de 2011

A Guerrilha do Araguaia e o chicote do fascista




A Guerrilha do Araguaia foi um movimento político de esquerda, onde boa parte (ou todos) os participantes eram militantes comunistas.


Começou a ser planejada em 1966, mas só começou a ser posta em prática por volta de 1970, mas apenas em 12 de abril de 1972 que ela foi descoberta pelas Forças Armadas e também foi divulgada nacionalmente, e é nessa data que é considerado o início da guerrilha. Teve seu fim no final de 1974 e início de 1975.


A região escolhida para se preparar e desencadear a luta armada era boa do ponto de vista de massa, mata e recursos naturais. Houve uma justa combinação do fator mata e massa. A população era constituída por posseiros, sendo que mais de 80% era gente pobre. Alguns vieram para ali, expulsos de outras regiões. Embora fosse uma população politicamente atrasada, odiava os grileiros (e odeiam ate hoje, pois e uma pratica ainda usada), a polícia e procurava ter a sua terra. Potencialmente é uma massa favorável à revolução democrática e anti-imperialista. Na área e na periferia ocorriam choques com os grileiros, por disputas de terras. A densidade populacional era regular, incluindo-se a periferia. As maiores concentrações estavam na beira do ARAGUAIA, diminuindo à medida em que dela se afasta para o interior da mata. A região liga-se com GOIÁS e MARANHÃO, também com MATO GROSSO, podendo por isso ecoar nesses Estados a luta travada no ARAGUAIA. É toda coberta de mata. Esta foi um aliado poderoso da guerrilha, sobretudo na primeira e segunda campanhas. A área tinha poucas estradas, muita caça, frutos, palmito da pupunha, do açaí, o cheiroso e delicioso cupuaçu e ainda a bacaba, entre tantos outros. Era auto suficiente em produtos agrícolas. O fato de a guerrilha estar localizada numa área coberta de mata, com poucas estradas, com recursos naturais e alimentícios foi fator favorável a sua sobrevivência. Na fase inicial, tratando-se de uma força pequena, com pouca experiência e armas ineficientes, a mata teve enorme importância para proteger os camaradas durante o combate. Protege a guerrilha dos ataques aéreos, dos blindados e da artilharia. A existência de poucas estradas dificulta o cerco do inimigo.


A Guerrilha foi uma batalha muito injusta, a batalha dos "100 contra 20 mil". Isso mostra o que realmente as Forças Armadas achavam como seria a guerrilha, seria um movimento com um grande número de adeptos e então colocou muitos militares para combater, que depois tiveram a tarefa de descobrir informações com os guerrilheiros (já que eram muitos). Naquela região como os guerrilheiros comunistas já haviam conquistado a simpatia dos camponeses existia muita união e companheirismo.


A guerrilha foi derrotada, mas deixou muitas marcas na alma do povo daquela região. Logo após a derrota a covarde Forças Armadas se mobilizaram em acabar com tudo que lembrasse "GUERRILHA DO ARAGUAIA" inclusive destruíram e queimaram os barracões dos destacamentos, visitando fazendas, povoados e cidades vizinhas, onde haviam famílias e amigos dos guerrilheiros, invadindo as casas e aterrorizando famílias inocentes que por falta de acesso a jornais na época ou qualquer tipo de noticia, não tinham conhecimento da existência da guerrilha. Os militares em busca desesperada por uma queima de arquivo esqueceram que o maior arquivo estava vivo: eram as pessoas que de nada sabiam. A partir dai já faziam parte dessa historia de violência sangrenta e vergonhosa do nosso povo, a qual nos não podemos permitir nunca que fascista em pele de cordeiro como o polemico Jair Bolsonaro que tantas regras tem a ditar. Ele dita o que fazer com os homossexuais, com esse ou com aquele, pisa encima da dor das famílias que ate hoje sofrem e sofrerão ate os últimos dias de suas vidas, sem saber o que foi feito de seus familiares, que o exercito brasileiro matou e jogou em algum lugar aonde jamais saberemos. Mas como a mãe do Bolsonaro e nem o filho dele estavam la, ele se acha no direito, como todo fascista, de criar raças puras como Hitler, em busca da raça ariana. Não sabemos a quem o Bolsonaro admira, se o Hitler ou Mussoline, só sei que e o chicote do fascismo, querendo sujar com suas patas sujas e vergonhosas, esconder embaixo de suas botas imorais, essa historia injusta que e a Guerrilha do Araguaia e toda a historia da Ditadura no Brasil.  E com o dinheiro do povo  que o elegeu (e daqueles que não o elegeram também ) que ele discursa de forma arrogante, tentando confundir as pessoas mais uma vez como tantas vezes ocorreu na historia do Brasil. Esse pais foi construído ate hoje desde a era imperial, através do olhar e luta de bom homens e mulheres, mas também enxovalhado por fascistas como Bolsonaro,  tentando confundir mais uma vez.


Ainda bem que as teses do Bolsonaro caíram sobre terra quando ele tentou vulgarizar a união gay, de forma vulgar e vazia, como sempre são feitos seus discursos. Agora companheiras ele dedica o seu tempo, esse parlamentar que deveria estar buscando melhoras e avanços pela soberania nacional. Quantas necessidades nosso pais tem Bolsonaro, cadê suas obras, a não ser a de ser fascista. Mas não, ele quer tentar defender aquilo que não tem defesa, aos crimes que os coronéis cometeram com homens, mulheres e crianças que ficaram órfãs de pai e mãe, famílias violentadas em sua inocência pelos monstros da Ditadura. Acho que você Bolsonaro e todos os seus amigos militares deveriam pedir desculpas ao povo brasileiro, por tantas vidas que o regime militar tirou, por tantas mulheres violentas de forma imoral e safada. Que me desculpe a sua mãe, mas e uma pena que ela não estava la, assim evitaríamos o desgaste de estar ouvindo essas barbaridades da sua boca. E você ainda ganha para fazer isso. A guerrilha não foi feita pelo Jose Genuino, você pega eixos,você e seus companheiros de matanças como essa historia do Genuino para confundir de um jeito ou de outro, desse ou daquele jeito a democracia esta instalada.   O Jair Bolsonaro e só mais um fascista derrotado e eleito infelizmente pela despolitização de nosso povo. Bom Bolsonaro todos aqueles que querem saber sabem, e eu sei, e muita gente sabe, e você também sabe e todos os seus companheiros militares, aqueles que torturaram homens e mulheres, praticaram estupros contra jovens guerrilheiras. Queremos saber onde estão nossos mortos! Vocês tem essa divida conosco!


            Existem arquivos sobre o Regime Militar (1964 - 1985) que são mantidos em absoluto sigilo nas Forças Armadas do País, que revelam os verdadeiros dados sobre a Guerrilha do Araguaia. As Forças Armadas não querem abrir os arquivos porque ali consta toda a verdade sobre a execução dos corpos, as barbáries cometidas, entre outras coisas, que seriam comprometedoras para as Forças Armadas.


Jucilene Pereira Barros, indignada e com a alma sangrando, em nome de muitas famílias brasileiras que não sabem o que foi feito de seus familiares. Escrevi esse texto baseado na angustia depois de assistir um vídeo que postarei aqui, que um amigo meu enviou. Ao assistir o vídeo impulsionada pela minha angustia, respondi imediatamente : “meu querido tenho vontade de vomitar”, e ele carinhosamente me respondeu, e eu o agradeço pelas informações que me passa e pelo seu carinho da resposta. Mas enquanto vida eu tiver viverei e se for possível morrerei para não deixar essa historia cair no esquecimento ou ser enxovalhada. Sei que só sou um grão de areia do Araguaia. Agradeço-te pelo vídeo e pelas palavras. Eis aqui as palavras ditas e bem ditas do meu amigo:
 “Jô (como ele me trata), como sempre, a HISTÓRIA É SEMPRE CONTADA PELOS VENCEDORES DESTE OU DAQUELE LADO, ainda, os VENCIDOS FICAM COM AS ESTÓRIAS para outros desencontros do passado com o presente sem futuro, porém, sempre se pode utilizar os documentos ou documentários para um olhar a frente do momento que se apresenta aos nossos olhos, ainda mais quando temos consciência do passado frente aos acontecimentos do presente.”





segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Tentando fazer valer o meu tempo aqui nessa existência




            Recebi esse vídeo Teologia da Libertação de um amigo, em um momento oportuno. Hoje é12 de setembro e nos últimos dias o que mais ouvimos falar, lemos e assistimos nos telejornais, foi sobre o 11 de setembro dos Estados Unidos, o fato é que a mídia faz com que nos esqueçamos dos vários 11 de setembro da história, como o 11 de setembro no Chile. Entre notícias e notícias divulgadas pela mídia monopolizada, ela faz-nos esquecer de outras catástrofes com participação dos Estados Unidos como a bomba de Hiroshima, a Guerra do Vietnã, a recente Guerra no Iraque. Hoje nem se especula mais sobre como vive o povo iraquiano, mas há muitos alienados que choram apenas pelo 11 de setembro dos Estados Unidos.

Mas quero pensar sobre minha própria casa que é meu país, o Estado em que moro, a cidade, o bairro, o condomínio em que vivo, quem administra tudo isso, quais são as mãos de ferro e as ditaduras que me rodeiam. Quando vamos chegar a tão sonhada hegemonia e vivermos de fato a teologia da libertação?

 Para as mulheres a luta por igualdade começa no nascimento, e nascemos, vivemos e morremos em busca dessa libertação. Para todos os lugares que corremos há sempre um machista atravessando o nosso caminho. E não nos esqueçamos de que machistas não são só os homens, há mulheres, também. No mercado de trabalho temos que trabalhar dobrado, provar nossa capacidade a todo instante. Quando estamos entre amigos sempre temos que falar de delicadezas e não de discussões profundas.  Outro fator que me deixa indignada no momento é que sempre quem esteve no poder foram os homens.  A Ditadura Militar foi criada e executada por homens, como tantos coronéis aqui no Brasil, e no Chile o Pinochet e outros em outros países e alguns até no anonimato.

Tivemos nos últimos anos a sorte de termos como presidente um operário, o nosso eterno presidente Lula, que abriu as portas da política para as mulheres e fortaleceu a política da mulher. O seu braço direito no governo foi nossa atual presidenta Dilma Rousseff, como Ministra da Casa Civil, entre tantas outras. Diante da visão machista ela não pode errar agora, porque senão todas as mulheres pagarão a conta e cairá no esquecimento da maioria o que a direita fez até aqui com homens no poder, das privatizações feitas pelos tucanos nesse pais (e que continuam sendo feitas por banqueiros usurpadores), dos planos Cruzado e Collor e de todas as safadezas direitistas feitas até hoje na história do Brasil. Na política a mulher têm que trabalhar dobrado para conquistar seu espaço e não podemos  errar, companheiras!

Os homens, quando no poder, fazem de Brasília uma verdadeira Babilônia. Uma única fala da nossa querida Marta Suplicy num tom de brincadeira num aeroporto, quando disse “Relaxa e Goza”, teve um efeito bombástico. Não que eu concorde com a brincadeira dela encima do estresse dos passageiros, mas enfim nós mulheres não podemos errar. Obviamente que há homens que dedicam suas vidas aos direitos humanos, a promoverem conhecimento, a apoiarem as mulheres em suas lutas, a pregarem a Teologia da Libertação a todos e a lutar pela tão sonhada hegemonia dos oprimidos. Até porque não podemos nos esquecer de que a Teologia da Libertação foi criada por nossos pensadores, Juan Luis Segundo, Gustavo Gutierrez, Enrique Dussel, como Rubem Alves, Leonardo Boff, Dom Helder Câmara, Pedro Casaldáliga, entre outros.

Esta teologia, também assim chamada, utiliza como ponto de partida de sua reflexão a situação de pobreza e exclusão social, à luz da fé cristã. Esta situação é interpretada como produto de estruturas econômicas e sociais injustas, influenciada pela visão das ciências sociais, sobretudo a teoria da dependência na América Latina, que possui inspiração marxista. A situação de pobreza e desigualdade entre homens e mulheres é denunciada como pecado estrutural e esta teologia propõe o engajamento político dos cristãos na construção de uma sociedade mais justa e solidária, cujo projeto identifica-se com ideais da esquerda.

Gostaria de lembrar-lhes meus companheiros de que não pode haver libertação de uma sociedade onde a mulher vive em condição desigual, de submissão e até como objeto.

Nesse texto quero agradecer a um amigo que me presenteou com esse vídeo e com tantas outras informações que servem de conhecimento e apoio à minha libertação como mulher e formação intelectual, a mim e a outras tantas pessoas: o mestre e editor responsável pelo Jornal Hoje em Adamantina (São Paulo) Sergio Barbosa. Meus sinceros agradecimentos, professor, pela sua boa vontade em promover conhecimentos e apoiar aqueles que querem avançar, como você mesmo diz “fazer valer o nosso tempo”. E há outros homens (e mulheres) que fazem o mesmo.

Jucilene Pereira Barros, bom companheiras, diz o senso comum, que quem defende médico é médico, quem defende advogado é advogado, e quem defende as mulheres?

 Só conheço um caminho, companheiras, a partir da educação, de avançarmos politicamente, nos empoderarmos a cada dia e lutarmos incansavelmente pela nossa igualdade, escrever nosso nome na história e fazer valer o nosso tempo aqui nessa existência. É o papel de cada mulher: lutar e lutar!

domingo, 11 de setembro de 2011

Hipocrisia de boteco nas sexta-feiras à noite



Bom, quero pedir desculpa aos meus leitores (ou não) porque aqui nesse blog sempre trato de assuntos políticos, mas discutir sexo também de forma respeitosa e falar as coisas como elas são, para mim e fazer política de libertação da mulher.

Noite de sexta, uma mesa de bar, alguns amigos e começa o diálogo. Depois de uma longa semana de trabalho cansativo, por fim um pouco de diversão e conversa. Particularmente, prefiro meu computador, filmes e livros, mas ainda não substitui uma boa companhia. Entre falas e coisas na noite de sexta discutimos aquilo que não era mais para ser discutido e sim para ser vivido. Falamos sobre a trajetória da mulher que tem diluído em seu sangue milênios de submissão, e quando o homem não a domina, ela passa a desprezá-lo. Sem demagogia somos o sexo forte, suportamos situações extremas e de salto alto, coisas que só mulheres entendem… Mas na hora de ser mulher os instintos imperam, meus caros…

Bom, mas há mulheres e mulheres... Quando eu trabalhava com clínica, quantas mulheres eu ouvi dizer-me, que se sujeitavam sexualmente ao marido por que ele paga as contas da casa? Pro inferno, o corpo de uma mulher então vale uma conta de luz? E há mulheres que continuam casadas só por medo de enfrentar a família e a sociedade. A hipócrita sociedade! Quantas vezes ouvi mulheres dizerem que ficam lá com as pernas abertas e gemendo, esperando os maridos terminarem logo para poder dormir em paz! Por favor, gente, sexo é pra ter prazer, não para cumprir obrigação, ou pior, moeda de troca.

Por que a mulher nos tempos de hoje ainda tem que suportar tais imposições: fazer sexo sem prazer, fingir orgasmo! Qual a vantagem disso? Não defendo também que o mundo acabe em zona. Uma pessoa sexualmente livre não é aquela que transa com qualquer um em qualquer lugar. Essas são escravas do ato, não da pessoa. Ter liberdade sexual inclui entre outras coisas, saber dizer não. Ser sexualmente livre não depende de estar solteiro. Basta não fazer sexo sem vontade, sexo baseado em mentiras.

Desde que o mundo é mundo, o sexo existe em suas mais diversas formas e variações. Desde o hetero ao homo, cada qual encontra uma forma nem sempre exata de satisfação momentânea. Não tem receita de bolo, para ser bom é preciso química, vontade e um senso de putaria aguçado, onde um chama o outro “disso ou daquilo”, ”desse e daquele jeito” para que as coisas rolem da forma mais divertida e prazerosa possível… Tá, até aí nenhuma novidade, (talvez para algumas pessoas seja, mas, prefiro assumir que todos pensem em sexo nessa naturalidade!). 

A novidade é que, dentro de uma cultura que corre a milhas por segundo, ainda há pessoas capazes de polemizar assuntos irrelevantes… Seja para chamar a atenção ou pra tentar suprir aquela vontade de fazer o mesmo ou até pior, sempre tem alguém pra criticar: quem faz sexo oral, virtual ou qualquer pratica que escolheu.

Primeiro de tudo: como você acha que nasceu? Logicamente não de um sexo oral, anal ou virtual, mas sua mãe teve que dar, sabia? E dependendo do caso, ela curtiu muito mais do que você ao longo dos anos enquanto fazia isso! E você aí podendo fazer o mesmo, se perde em meio a críticas e desavenças na internet ou na vida real. Sua mãe faz sexo oral com seu pai (ou não, só ele vai saber, né…?) e vice-versa há anos, e ela é piriguete? Acredito (e espero sinceramente) que não.

É engraçado que, nesse meio, muita gente se acha no direito de impor regras e opiniões “disso ou daquilo”, quando eles mesmos não fazem, mas na realidade gostariam de fazer “isso e aquilo”. São mexiriqueiros para saber quem deu e quem não deu, com seus padrões comportamentais a seguir…

       O que essas pessoas não sabem é que nem todo mundo é tão preocupado com a vida alheia assim e essas mesmas que se interessam mais pela própria satisfação, são as que se divertem sem   culpa. As que riem, conversam com os amigos e amigas, fazem o que tem vontade sem medo. Infelizmente, ser alguém de mente aberta, virou sinal de libertinagem em virtude de alguns imaturos que não sabem lidar com esse limiar tão sutil! É onde começa a merda…

        Gente que não sabe diferenciar:

  • Sensualidade x Vulgaridade
  • Liberdade x Libertinagem
  • Popularidade x Falta de noção
  • Sexo oral, virtual e qualquer coisa dos tempos modernos x Polêmica…
 E interessante como nas rodas de amigos, em bares ou em qualquer lugar, ainda perdemos tanto tempo debatendo a vida sexual dos outros, fazendo verdadeiras conferências. A vida sexual dos outros passa a ser um prato cheio de assuntos debatíveis, como se isso fosse mudar algo na história da humanidade: um sexo oral aqui, quem broxou, quem não broxou, quem tem o pênis grande ou pequeno...

Por que é tão difícil discutir assuntos interessantes, livros, música, política, filmes, viagens e etc.…? Instituir diálogos gostosos sobre afinidades e discutir diferenças… NÃÃÃO, a vida sexual do próximo é muito mais polêmica, como o boquete que a companheira fez, o companheiro que broxou ou teve uma ejaculação precoce, isso pode até te ajudar a fazer piadas. O que não te torna engraçado (a), meu caro (a).

Esse texto é sim, uma crítica às pessoas que tentam transferir suas frustrações ofendendo e categorizando outras que nem conhecem, pelo simples fato de não ter coragem de ser o que realmente quer. Não suporto mais tantas imposições “disso ou daquilo”. Quando estamos casadas logo vem um “animal” de algumas espécies e que me perdoem os bichinhos da floresta e os domésticos, não e deles que falo, estou falando daqueles que tem aparência humana, mas de humano não têm nada, falam mal dos nossos maridos: eles são pobres, velhos, gordos ou novos demais. O fato é que todos tem algo a falar. Quando estamos solteiras outra chuva de imposições: você não pode fazer isso ou aquilo, e seu trabalho, e sua família, e seus amigos, o que os outros vão falar de você? Quando conhecemos alguém todos já pedem o currículo dele, o número do titulo de eleitor, o código de barra e nessa enxurrada de hipocrisia vamos que vamos!

            Fazer o que se sente vontade ou dizer o que está na garganta. 

       A facilidade das máscaras que todos usam para esconderem as suas frustrações e vontades de fazer aquilo que os que se permitem fazer fazem, faz de algumas pessoas verdadeiros carrascos. Bom, segundo Freud se alguém quiser se feliz é preciso tirar as máscaras e desfazer os papéis, como fingir orgasmo, dizer que ama aqueles que nunca amaram, os seus dedinhos apontados para o outro, enquanto no escurinho do seu quarto a “realidade” e outra...

Sinceramente, nesse mundo em que todo mundo quer comer todo mundo e alguns até comem,  você só fez sexo por amor e papai-mamãe, nunca fez um boquete, nem um sexinho virtual básico naquele final de semana solitário? 

Pense nisso. Viva sua vida por mais medíocre que ela seja, talvez seja uma das poucas coisas tão suas possíveis de cuidar com mais cautela.

Jucilene Pereira Barros, não suportando mais as imposições daqueles que nada têm a impor porque nada sabem e nada vêem, e pela perda de tempo que semanalmente gastamos em grupos de amigos com fofocas, falando da vida alheia. Alguém que nada sabe do outro falando daquela que deu, daquela que não deu também, daquele companheiro que não come ninguém e daquele companheiro que e totalmente galinha. Sinceramente, escrevi esse texto em protesto a esses diálogos, acho tudo isso um saco! Por mais que conte minha vida sexual para alguém (como só conto para a psicanalista) ainda faltam detalhes, porque se eu for imitar o gemido durante a seção o gemido não será mais o mesmo porque eu não estou mais com tesão durante a terapia. Vamos parar com isso gente, porque enquanto perdemos tempo com esses diálogos inúteis que não interessam a ninguém só a quem tava dando (ou não), o capitalismo nos engole pelas pernas, as privatizações nadam a braçadas. Aqui em Goiás o IPASGO está uma lástima, o povo está acabando com o cerrado, o nosso belo Rio Araguaia esta poluído, nossas crianças precisam de mais creches e escolas de qualidade, nossas mulheres trabalhadoras passam horas e horas dentro  das latas de sardinha, chamadas ônibus, nossos trabalhadores sofrem todo tipo de opressão, boa parte de nossos jovens não tem aceso as universidades. E com diz Raul Seixas “Eu acho tudo isso uma piada e um tanto quanto perigosa”.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Araguaia




Quando eu me banho no meu Araguaia e bebo da sua água sangre fria
Bichos caçados na noite e no dia bebem e se banham eles são comigo

Triste guerrilha companheiro morto suor e sangue, brilho do corpo
Medo só mas se o corpo desse pó é pó um círio da luz dessa dor
Violento amor há de voar
Letra e Música de EDNARDO 

A letra dessa musica e um lindo presente de 07 de setembro que curiosamente ganhei de um camarada de Porto Alegre- RS, Paulo Roberto Tiecher de Jesus. Um presente desses só pode ser de um revolucionário, comunista de carteirinha. 



Jucilene Pereira Barros, agradeço meu camarada pela sua sensibilidade e luta.



sábado, 3 de setembro de 2011

Realmente enxergamos ou estamos cegos?



Ensaio Sobre a Cegueira é um filme de 2008 do diretor Fernando Meireles, baseado no livro de mesmo nome de José Saramago publicado em 2005.
A trama retrata uma epidemia de cegueira de cor branca que atinge as pessoas de forma misteriosa e inesperada. A única a não ser acometida pela moléstia é a esposa de um médico, que desempenhará um papel essencial no decorrer da trama.
A epidemia torna a cidade um caos, o Estado decide então isolar aqueles que são acometidos pela doença, já que não consegue encontrar nem a causa e nem a cura da moléstia. Chegando ao local da quarentena as pessoas percebem que o governo não está lhes dando a assistência necessária, notam que o lugar é sujo, não há comida para todos e nem água limpa. A situação piora a cada dia, pois cada vez mais chegam pessoas cegas e o espaço já não e suficiente para todos.
 Como a vida imita a arte, a arte imita a vida, nesses últimos dois anos, tenho percebido que a população brasileira tem erguido mais bandeiras em meio ao caos em que vivemos.  Falarei então do caos em que vivemos em meu estado. Em algumas cidades no entorno de Brasília e outras, o descaso do governo e total. E como no filme. Há uma “cegueira” provocada pelo próprio modelo de governo perpetuado no decorrer nos últimos anos, que não investe no desenvolvimento educacional e cultural. Não nos esqueçamos de que uma população sem educação e cultura e “cega e vazia”, não conhece seus direitos, não luta por justiça e sem justiça não, saúde, não há cultura, não há educação, não há segurança, enfim não há desenvolvimento social.
Com relação à educação as escolas das quais o governo faz propaganda, não sei onde elas estão. Ele tenta na verdade ludibriar-nos criando esse bônus para o professor como aumento de salário, instigando uma concorrência desleal. Mais um presente indecente para os professores. O professor não precisa de bônus, precisa de salário, porque bônus não o ajudara na hora de aposentar e nem qualifica o ensino Essa é apenas mais uma prática imoral que desqualifica o professor. Outro absurdo é o fato de o professor ter que deixar seu número de telefone disponível para os alunos entrarem em contato com ele na hora que bem quiserem. O professor que trabalha exaustivamente agora e obrigado há ficar 24 horas por dia a disposição. Não sei se o governo sofre da “cegueira branca” ou finge que não vê o caos instalado na rede pública de ensino, que não tem nada para atrair as crianças e os jovens que já vem de suas casas onde nada e atraente. Quantos jovens perdemos todos os anos para as drogas?
 Ao filosofar a respeito de Ensaio Sobre a Cegueira, mergulhamos profundamente em varias cegueiras. Percebe-se no decorrer do filme alguns aspectos corriqueiros da nossa vida: a presença da prostituta, idosos, jovens, marginais, profissionais liberais. Percebemos também alguns conceitos de vida com os quais convivemos com eles todos os dias, algumas palavras ditas e repetidas de geração a geração, alienadoras e sem muita reflexão, “sobre circunstâncias e circunstâncias”. Cada conceito cabe dentro das atitudes em que vivemos. Se estamos em atitudes redimidas e na chamada zona de conforto podemos nos encher de uma falsa moral, subirmos em alguns palanques, tomar a frente de igrejas, discursarmos como educadores na frente de nossos alunos sobre alguns conceitos como traição, fidelidade, honestidade e a chamada moral entre na sociedade.
No filme um detalhe inicial chama a atenção, ao perder a visão as pessoas passam a enxergar apenas um grande vazio branco, na verdade essa perda de visão é uma perda simbólica para refletirmos sobre a insensibilidade, a alienação, a perda de valores e individualismo do ser humano nesse atual século. A visão é um fator essencial na vida de qualquer pessoa que ao perdê-la, perde também a autonomia. Com a pressão do sistema capitalista lutamos ferozmente e individualmente pela sobrevivência, perdemos a capacidade de sentir, de notar o outro e suas necessidades, passamos a agir então como verdadeiros animais nas savanas, onde vencem os mais fortes. E a lei da seleção natural.
No regime capitalista regido por essa prática imoral, aquilo que era para tirar as vendas da cegueira deixa-nos mais cegos ainda. E só observarmos os discursos dos poderosos que retém as fortunas e o poder em seus pequenos grupos, com práticas voltadas para seus próprios bolsos. A imprensa que seria nossa lente para o mundo é usurpadora e controlada pela grande mídia capitalista de direita, como a Revista Veja, a Folha de São Paulo, que têm o verdadeiro monopólio da imprensa em suas mãos e a Globo. Temos também as práticas das novelas ditadas pela Rede Globo de Televisão no sentido de alienar nossas mulheres, jovens e crianças, regem as suas vidas com discussões vazias e distorcidas. Assim continuaremos não só ensaiando, mas sendo cego.
 Nas igrejas a pregação do Cristo foi deturpada, não salva ninguém, só o bolso dos “igrejeiros”, cada vez criam mais fortunas, com malas de dinheiro e alguns ate dentro das cuecas, são verdadeiros reis sem limites, reis que tudo falam e nada dizem, a não ser para seu próprio ego. E onde fica a moral nessa história, onde estão os valores­?
Na sociedade atual faltam-nos modelos e sobram falácias. Quando estamos na atitude redimida, na zona de conforto e fácil, mas e quando estamos em atitudes extremas? Como a prostituta, o velho com a aposentadoria de um salário mínimo, a criança com a escola de ma qualidade.
Nesse regime capitalista o poder público forma o médico nas faculdades federais com o dinheiro de nossos impostos e esse dinheiro não e volta para população como em forma de saúde. Os médicos passam a trabalhar em beneficio próprio, criando verdadeiras fortunas e se esquecendo do juramento. O médico finge que jurou, o regime finge que nada esta acontecendo, só a saúde da população e que não “finge”, esta doente de fato. Os cais estão lotados, os chamados disque saúde estão com suas linhas congestionadas, ou seja, novamente “pagamos a conta” e nada temos em retorno. A cegueira da cegueira.
O filme tramita também pelos labirintos do machismo, quando as mulheres “trocaram” seus corpos por comida e água. As mulheres como verdadeiras heroínas colocaram a moral dentro da gaveta e foram lutar pela sobrevivência da pequena comunidade, explicitando assim a autonomia da mulher pelo seu corpo e pela contramão da vida, o controle do outro indivíduo através do sexo. No decorrer da trama a atriz principal flagra seu marido a traindo com a prostituta, e em meio aos caos instalado pela cegueira, ela teve de buscar reflexões para ela e para as companheiras de grupo, como citar “O que e o corpo agora no meio desse caos, precisamos sobreviver”.
E ai companheiras e companheiros quantos de nos estamos no Ensaio da Cegueira? As pessoas que estão à frente das igrejas que nada fazem por seus fieis, mas sim para suas próprias fortunas e os políticos que lapidam nossos patrimônios criando fortunas, fazendo privatizações.
Nas relações afetivas quantos de nos estamos em relacionamentos falidos por puro comodismo, quantos de nos não busca relacionamentos baseados em interesses financeiros e escusos que nada tem haver com a palavra amor, fazendo trampolim das relações afetivas para mudar de vida? Usando a beleza, o poder de persuadir, fingindo orgasmos, jurando amores que não existem? Em alguns casos por puro comodismo permanecemos nessas situações e esquecemos-nos de “voar como águia”.
 Estamos cegos ou enxergamos?



Jucilene Pereira Barros, em busca de um tempo de justiça para todos sem a cegueira da alienação e com o desejo da teoria libertadora do conhecimento para todos, principalmente para as mulheres, heroínas do meu país e das minhas admirações.

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