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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Perdas e Ganhos



Pertencem inexoravelmente a condição humana, as perdas e o luto. Todos somos submetidos à férrea lei da entropia: tudo vai lentamente se desgastando, o corpo enfraquece, os anos deixam marcas, as doenças vão nos tirando irrefreavelmente nosso capital vital. 

No momento da perda nos sentimos vitima. É o momento em que a pessoa percebe os limites incontroláveis da vida e reluta em reconhecê-los. Não raro, ela se culpa pela perda, por não ter feito o que devia ou deixado de fazer. Perder alguém é como tirar o quadro de uma moldura que continua pendurada na parede.

É como ver uma janela que já não mais se abre, mas por onde nos debruçamos tantas vezes. É como uma peça que falta no puzzle do nosso ser, do nosso crescimento.
Perder alguém é um abanar da nossa estrutura, é abrir rachas.

É como um apagar de luzes num caminho aberto ao céu. É como um sentimento que já não se sente. É uma irracionalidade, uma loucura, uma estupefação, uma derrota, uma decepção.

Quando conhecemos alguém e nos apaixonamos nos enchemos de esperanças e muitas vezes erroneamente condenamos o outro a ser responsável pela nossa total felicidade, o outro muitas vezes nos condena ao mesmo, da à mesma condição de sermos responsáveis por todos os seus acertos. É como se não pudéssemos fracassar, mas a lei da vida é bem diferente. Tudo se desgasta, tudo passa e senão tivermos cuidado e zelo os relacionamentos se tornam um verdadeiro campo de batalha. São dois inimigos ferrenhos ocupando o mesmo espaço. E o mais curioso de tudo isso é que não permitimos a perda, travamos uma luta frenética e psicótica, em busca de salvar aquilo que não mais existe. O que não nos interrogamos mesmo é o medo de desconstruir um projeto que nos mesmos construímos e responsabilizamos o outro porque não queremos esvaziar esse espaço interno que há em nos.

Perder alguém é uma pergunta a Deus, mesmo quando n´Ele não se acredita.

É como uma vitória das trevas, uma derrota do Bem.
Uma dúvida sobre a sobrevivência.

Perder alguém é uma lágrima, um choro, um oceano de dor e de grito.

É como um mar calmo onde se precisa de vento.

Durante ao longo da minha vida quantas perdas tive. Convivi com o luto desde muito criança, quando perdi meus pais barbaramente, e nesses ventos da vida, nesses oceanos escuros, passei por muitos abortos, abortei alguns amores. Curiosamente quando percebi que tudo tinha passado me senti perdida em um enorme vazio, me sentindo exaurida como se tivesse voltado da guerra sem vitorias, mas que não mais houvesse guerras e que por nada mais tivesse que lutar. Só ficaram as marcas, o luto passou, mas é preciso continuar a remar em mares silenciosos da minha alma de mulher, mares silenciosos e vazios.

Quando o amor se vai ele não se foi, ele é meu. O mar se acalmou, recolhi os meus barcos e me prepararei para novas viagens, para junto a alguém navegar outros mares.
 Perder alguém é extirpar parte de nos. Fechei-me em meu próprio casulo e lancei ao meu barco e vou navegar outros mares.

Eu Jucilene Pereira Barros, baseio a minha vida, todos os meus amores, passam e perpassam pelo ponto de vista político e transformador, pela pedagogia da libertação e do individuo politizado.Por esses mares é que navega o meu barco e por ai cruzarei muitos mares.



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