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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A mulher moderna e a reatualização do machismo




Podemos começar nossa reflexão discutindo porque as questões relativas às mulheres são tratadas sob o termo de Gênero. O termo Gênero foi um conceito construído socialmente buscando compreender as relações estabelecidas entre os homens e as mulheres, os papéis que cada um assume na sociedade e as relações de poder estabelecidas entre eles.

A sociedade humana é histórica, muda conforme o padrão de desenvolvimento da produção, dos valores e normas sociais. Assim, desde que o homem começou a produzir seus alimentos, nas sociedades agrícolas do período neolítico (entre 8.000 a 4.000 anos atrás), começaram a definir papéis para os homens e para as mulheres.

A função de reprodutora da espécie, que cabe à mulher, favoreceu a sua subordinação ao homem. A mulher foi sendo considerada mais frágil e incapaz para assumir a direção e chefia do grupo familiar. O homem, associado à ideia de autoridade devido a sua força física e poder de mando, assumiu o poder dentro da sociedade. Assim, surgiram as sociedades patriarcais, fundadas no poder do homem, do chefe de família.

As feministas e mulheres ligadas às questões de gênero em geral, reclamam que talvez a maior dificuldade contemporânea na difusão do feminismo no Brasil seja que, em sua maioria, nós mulheres somos machistas.

Mas esta também é a explicação que os homens e as mulheres contra-feministas dão sobre sua aversão ao feminismo. Dizem elas: “o feminismo é um machismo ao avesso”.

      Por isso, duas questões devem ser elucidadas para a compreensão do fato em si, primeiro é necessário definir o que é o machismo e, segundo, por que ocorre a confusão que define feminismo como “machismo invertido”.

      Historicamente, foi através da força, da coerção, das leis de impedimento e da moral religiosa que o machismo se estruturou como ideologia do sistema patriarcal (sistema de organização social e econômico que delegou aos homens o poder econômico e o controle social).

Na verdade, indo direto ao ponto, e resumindo todo o texto que trabalharemos daqui para frente, nós, as “mulheres modernas” somos as mulheres modernamente exploradas e oprimidas, ou seja, novas mulheres, encaixadas na antiga fórmula da opressão. As mudanças e alterações visíveis que decorrem da entrada das mulheres no mercado de trabalho não nos brindou, certamente, com uma nova vida.

É preciso trabalhar o novo modelo de mulher, numa desconstrução de modelos antigos, pois até há pouco tempo a mulher de 50 anos era uma avó que fazia crochê e biscoito para os netinhos. Hoje essa mulher desdobra-se: é bonita, é política, faz mil e uma coisas. Quem somos nós? A vovozinha ou a mulher malhada, aculturada? Mas não nos esqueçamos que estamos tratando da mulher de classe media, pois a mídia nos passa essa imagem. Já a mulher empobrecida, e esmagada pelo sistema, é invisível, vive como se não aparece no senso. Ela passa por todo esse viés, mas as possibilidades dela são outras, ela não é notada. Porém, essa mulher merece um espaço, pois é cidadã, sujeito da sua história, não pode continuar à margem de sua história e sim se tornar sujeito de sua história à frente do seu tempo. Aos 30 anos essa mulher parece ter 60, pois corre atrás de ônibus das 4:00 da manhã, vivendo desconfortavelmente, por isso é preciso que nós mulheres que estamos à frente desses movimentos, cada uma com a sua bandeira, que não nos esqueçamos que essa bandeira é única. É a bandeira da não violência. E que não reproduzamos em nenhum momento o machismo umas contra as outras.  É preciso nos perguntarmos em nossas atitudes diárias: “ Estou sendo machista com minha companheira?” Como eu a trato nos momentos em que o machismo me impõe algo  que  é direito para os homens e não e para as mulheres? Como as mulheres tratam-se, como a mulher vê a outra? É preciso que não tenhamos medo de responder isso para nos mesmas.

 Quantas vezes não usamos os nossos tempos fazendo conferências entre grupos para desclassificar escolhas que nossas companheiras fizeram, como enganos afetivos, em troca de parceiros, de relacionamentos frustrados e fracassados. Aos homens, “cada troca de mulher” é dado a eles o titulo de “o pegador”, na linguagem moderna. Não é feita uma reflexão de que ele é apenas um conquistador de corpos e “um sugador de almas”. A mulher é citada como a desequilibrada, a imatura, a irresponsável, e rotulada como a sedutora, a feiticeira, a promíscua, a traidora, dentre tantos outros rótulos. Creio eu que, na maioria das vezes, o desconhecimento da sexualidade, tanto masculina quanto feminina, cria nos machistas e nas machistas, sentimentos mesquinhos em relação às mulheres que lidam bem com suas questões sexuais. E não nos esqueçamos que o individuo que lida bem com sua sexualidade tem mais possibilidade de gerenciar melhor suas próprias frustrações e uma melhor aceitação das limitações do outro.

Os mitos impostos pelo homem de que o bom funcionamento sexual é feito pelo tamanho do pênis, faz com que ele esqueça que o desejo sexual da mulher está mais ligado ao visual e ao auditivo. O bom funcionamento sexual da mulher e o desejo pelo parceiro começa no decorrer do dia e não no final da noite, com pequenos gestos de sedução e nada é mais atraente para uma mulher do que a admiração. Quando a fêmea humana admira o macho, como no mundo animal, ela começa a cuidar de sua própria imagem em uma dança de feminilidade, que passa pelas pontas dos dedos. Há um jeito ímpar de cada mulher de jogar o corpo, mexer os cabelos, e imediatamente começamos uma dança do acasalamento humano, cuidando melhor da nossa aparência, criando um brilho único no olhar, uma doçura na voz, um gingado no andar, notado somente pelo macho do desejo.

Dança essa que não e somente do corpo, mas que invade também a alma da mulher, perpassando pelas suas relações profissionais, uma melhor doçura em seu ciclo familiar, frisando que, biologicamente alteramos nossos hormônios com mais produção de cerotonina e feromonios, deixando todo o ambiente por onde passamos muito mais florido e sedutor.

Um comentário:

  1. PARABÉNS PELA REFLEXÃO SOBRE O TEMA, BEM COMO, O RETRATO HISTÓRICO DO MACHISMO FRENTE AOS DESENCONTROS DA MULHER NESTE NOVO TEMPO...
    SÉRGIO

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