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segunda-feira, 21 de março de 2011

Passou a festa. E agora?




Passaram-se  14 dias que comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Esta data é para refletirmos a trajetória das mulheres que lutaram bravamente pela emancipação feminina. Em todas as áreas da sociedade as mulheres  dedicaram suas vidas a lutas pela emancipação dos oprimidos.  Muitas morreram nas trincheiras ou perderam seus filhos nas guerrilhas ou  mesmo na guerra injusta do capitalismo desumano, que deixa homens e mulheres estressados e deprimidos na busca da sobrevivência. Aliás, é fácil entender que não há  vida plena nesse corre-corre, mas  somente sobrevivência, cuja  palavra, na maioria das vezes, significa o contrário do que diz: na verdade “subvivemos”.  O corre-corre a que nos referimos nos desumaniza nos empurrando para o péssimo comportamento de  atropelarmo-nos uns aos outros ladeiras a baixo,  na tentativa de pormos as  mãos no que nos é imposto pelo marketing do consumo exacerbado. Uma dessas imposições  desumanas é a busca neurótica pela eterna juventude. 


Refiro-me aqui   a três faces de Eva em Gioás:  a política da mulher em Goiás começou com as indígenas das tribos goyases.  Belas mulheres enfrentaram a violência da passagem dos bandeirantes, verdadeiros  “anhangueras” (diabos velhos) que estupravam e matavam. Hoje, vergonhosamente, esse é o  nome da maior avenida de Goiânia. Contudo,  na realidade, os anhangueras estão mais  para diabos velhos – significado real dos exploradores e assassinos bandeirantes - que  estupraram e matararam mulheres e as culturas indígenas. 

A outra face de Eva nasceu da construção de Goiás, quando homens saiam em tropas deixando as  mulheres em casa cuidando dos filhos, defendendo-se dos viajantes que por ali passavam. Muitas escreveram músicas, poesias enquanto seus companheiros exerciam papéis de caçadores, faziam política escondida, pois naquele tempo o voto era negado às mulheres, que não se expressavam em público, cuidavam das feridas dos escravos e os ajudavam a  defender-se do chicote dos capitães do mato,  na realidade, eram vitimas dos invasores das terras brasileiras.

A terceira face de Eva se manifesta com o tempo.  A mulher goiana se modernizou. Quando viajamos para fora do estado ou do país ouvimos o  primeiro comentário referindo-se a beleza das mulheres goianas.  Isso é verdade. Mas precisamos ser muito mais do que bonitas: precisamos mergulhar na transformação política. A ciência confirma que não há transformação de idéias que não passe pelo campo e pela prática políticas:  ocupar nosso papel nas câmaras municipal, estadual  e federal, defender o povo goiano, não só enquanto estado do sertanejo ou pé vermelho,  como dizem por ai, mas como mulheres aguerridas, donas do seu tempo. A mulher está no poder, mas o poder tem que ser conquistado todos os dias. Para que isso aconteça, precisamos sair do nosso comodismo e levantar as bandeiras, dizermos não para os bandeirantes atuais, que  continuam chicoteando os pobres que pegam os ônibus,  às 5 da manhã, que deveríamos  chamar não de ônibus mas de lata de sardinha.  Políticos que representam a classe dominante fazem promessas “tucanadas” e, uma vez no poder, nos violentam barbaramente como os bandeirantes fizeram  com as indígenas. Precisamos dizer não para os abusos participando de cursos e práticas de formação política, formar grupos filosóficos, discutir nossa própria realidade. Pensando e lutando assim, companheiras, é que avançaremos com justiça na construção da face do terceiro rosto de Eva.  É evidente que essa construção faz parte da edificação da sociedade justa do futuro para todos, baseada no  respeito entre homens, mulheres, crianças, jovens e velhos de todas a etnias como pessoas integralmente.

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