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domingo, 9 de outubro de 2011

O Pecado de Muammar Kadafih



Hoje 09 de outubro em minhas insônias da madrugada assisti na Globo News ao ataque a um dos últimos pontos de resistência de Muammar Kadafih, onde o repórter sensacionalista com sua narração alienadora, mostrava as cenas brutais de ataque dos rebeldes a resistência de Kadafih.

O que a alienação não faz é mostrar a verdadeira história. Durante esse período da guerra na Líbia demonstrei meu apoio e admiração por esse líder, através das redes sociais e nas discussões com alguns intelectualoides, leitores de orelhas de livros, que baseiam suas vidas e seus discursos nos jornais da Globo,da revista Veja e de toda a mídia  monopolizada. Ao demonstrar tal admiração ouvi críticas e discursos impressionantes da mais total alienação, porém tive o apoio de pequenos grupos realmente leitores pensantes, bem informados e politizados. Mas essa discussão é isolada, é como se fosse imoral, não se pode falar em Kadafih.

            Como não falar de um grande revolucionário admirável que voltou ao seu país aos 27 anos de idade, proclamou-se islâmico, nasserista e socialista, encerrou as bases militares norte-americanas e britânicas, e impôs severos controles sobre a atividade de empresas transnacionais petrolíferas instaladas na década de 60. O regime de Kadafih, chefe de Estado a partir de 1970, decretou a nacionalização das empresas, dos bancos e dos recursos petrolíferos do país. A exploração das riquezas do petróleo deu meios ao governo líbio para melhorar as condições de vida da população do país. Kadafih declarou soberania nacional, organizou as tribos nômades que viviam em conflitos. Kadafih é um líder ambicioso e fez uma perfeita reforma agrária em seu país. Cada família rural recebeu aproximadamente dez hectares de terra, um trator, habitação, ferramentas e irrigação. Foram perfurados mais de 1.500 poços artesianos e 2 milhões de hectares do deserto começaram a receber irrigação artificial.Companheiros e companheiras isso é reforma agrária inteligente, socialismo puro e aplicado.

 Devido ao seu rápido crescimento a Líbia recebeu imigrantes de vários países muçulmanos. Os trabalhadores da indústria tiveram direito à participação de 25% nos lucros das empresas. A Líbia, em 5 anos, deixou de ser o país mais pobre do norte da África e passou a ter a maior renda per capita do continente: US$ 4 000 por ano.

Em 1996 foi inaugurada uma etapa de uma grande rede de aquedutos projetada para fornecer água para populações isoladas no deserto. Em 1973, Kadafih publica o Livro Verde no qual expõe os ideais éticos e políticos que rejeitam o capitalismo. Criou uma peculiar estrutura de participação popular na política por meio de comitês populares e do Congresso Geral do Povo. Em 1989 teve início uma liberalização econômica. 

Falar sobre a Líbia é mais difícil do que reinventar a bíblia porque são milhões de anos de história, antes de Cristo. O “pecado” de Kadafih é que a líbia é rica em poços de petróleo de excelente qualidade, o que despertou à ambição americana e de alguns europeus. Todos sabem que no regime de Kadafih não existem crianças fora das escolas e todos tem direito a saúde. O fato é que em janeiro de 2005 após quatro décadas, ocorreu o primeiro leilão de licenças de exploração de gás e petróleo, as maiores beneficiárias foram às empresas americanas, que retornaram ao país após mais de 20 anos. Em outubro do mesmo ano, ocorreu um novo leilão, no qual as maiores arrematantes foram empresas asiáticas e européias. Em 2007, o governo anunciou que em poucos anos, dispensaria mais de 400 000 funcionários públicos e do exército, mas, em contrapartida, se comprometeu a pagar três anos de salários como forma de compensação. Na época a Líbia tinha mais de um milhão de funcionários públicos, o que exigia mais de 3,5 bilhões de dólares por ano em salários. O objetivo da medida era aliviar o fardo sobre o estado e incentivar o investimento do setor privado. 

Kadafih abriu as portas da Líbia para invasores de petróleo e parteiros da guerra. Esses sim aplicam a palavra ditadura, praticam a ditadura depois de terem dilapidado seus próprios países, ditam o que querem de outros países, fazem suas guerras, destroem a cultura e tudo se silencia. Alguém já se perguntou como está o Iraque hoje? Os americanos mostram como vive o povo iraquiano depois da guerra? Cadê as armas nucleares de Saddam Husseim? Será que Saddam Husseim era tão bandido assim? Precisamos praticar de vez em quando o exercício de pensar.

Enxugar o poder público, fazer reforma agrária, organizar os grupos rebeldes nômades, dividir as riquezas do país, isso é ser ditador companheiros? Cada povo tem sua cultura e cultura não é para ser discutida, é cultura. Ditadura é invadir a crença alheia, destruir suas culturas fazendo guerra, jogando o povo contra seu próprio povo e destruindo patrimônios históricos milenares. E Kadafih e que é ditador?

Tenho verdadeira admiração pela coragem de Muammar Kadafih. Senão houvesse homens como Kadafih, voltando para história do meu país, ainda estaríamos vivendo a ditadura militar. Embora tenha consciência de que a verdadeira revolução ainda está por vir, mas ela é lenta e será lenta, é feita por cada brasileiro que disser não aos banqueiros exploradores da nação, não aos governos das privatizações, e sim a soberania nacional, a reforma agrária, as escolas de qualidade em horário integral, ao direito a saúde a todos, da infância a velhice, melhor distribuição de renda e mais empregos para nossas mulheres em igualdade, transporte público de qualidade e não ao transporte público em forma de curral.

 É isso o que espero para o meu país e desejo a paz para o povo da Líbia e vitória a Muammar Kadafih e a todos os revolucionários que tem a coragem de dizer não para todas as barbáries dos países imperialistas, dizer não aos governos reacionários.

Eu sempre direi não a mídia monopolizada, não a ditadura, não aos governos reacionários.

Jucilene Pereira Barros.

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