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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dialogo entre as mulheres, Mitos e Verdades

 



Num tempo onde o regime capitalista nos mostra, através de alguns tipos de mídia, que tudo é bonito e descartável e terá vida útil apenas até a próxima novela da Globo nos  ditar um outro  estilo de vida.
Queremos tudo muito mais rápido. Saímos de casa com um celular na mão, com acesso a internet, um laptop na outra e um pen drive pendurado no pescoço. Inclusive, o mercado sabiamente já criou pen drive cor de rosa e dourado para as mulheres. Se nossa internet for de 5 megas queremos uma conexão de 10 megas, para que tudo aconteça bem rápido.
Há sempre a oferta de objetos mais modernos e assim nos perdemos em meio a tanta modernidade e não sobra tempo para mais nada, nem mesmo para refletirmos sobre o que nos impulsiona a esse estilo de vida, que muitas vezes nos leva as clinicas psiquiátricas em busca de remédios para tratar dos nossos transtornos causados por tanta correria em busca de algo que quando conseguimos rapidamente já não serve mais, e assim, já precisaremos trocar por outro mais bonito, mais moderno. E assim nos vendem também a felicidade prozaquiana. Os laboratórios de medicamentos psiquiátricos nos agradecem com suas contas cada vez mais gordas.
Está na moda ser prozaquiana. Está fora de moda convivermos com nossas próprias frustrações, que são tão naturais quanto nossas realizações.
Se vou ao cinema e tenho a possibilidade de escolher dois filmes  escolho um e descubro ao final da sessão que ele não foi tão bom, me pergunto: se tivesse assistido o outro teria sido melhor? Eis uma frustração. Preciso tomar Prozac por isso?
Não e fácil ser mulher, nunca foi. Mas espero que um dia seja, embora eu ame ser mulher, mas como diz o poeta “toda mulher sabe a dor e a delicia de ser mulher”.
Nessa compra e venda e nessa nossa necessidade de estar na moda, os outdoors, os comerciais de TV e a internet nos vendem também um outro padrão: “temos que ser magras e altas”, uma verdadeira exposição de coxas, seios, bundas e silhuetas perfeitas, desenhadas em verdadeiras oficinas de esculpir gente.
Eis ai as mulheres frutas prontas para serem devoradas bem rápido. E o que não querem jogam fora.  Se abrir a boca, deve falar de emoções, nunca de valores. De fantasias, e não de realidade. Da vida privada e não da pública (política). E aceitar ser lisonjeiramente reduzida à irracionalidade analógica: “gata”, “vaca”, “avião”, ou a fruta da estação.
Somos, todas, modelos ou bailarinas? Ou o Chico Buarque está certo quando disse na música “Ciranda da bailarina”, segundo a ironia do próprio Chico e do Edu Lobo: “Procurando bem, todo mundo tem pereba, marca de bexiga ou vacina. E tem piriri, tem lombriga, tem ameba, só a bailarina que não tem. (...)”. Se tiver, será execrada pelos padrões machistas por ser gorda, velha, sem atributos físicos que a tornem desejável. E continua a ciranda capitalista.
Nessa corrida frenética os copos são descartáveis, os pratos são descartáveis, os moveis que compramos para nossas casas estão na moda, mas essa decoração só poderá continuar ate a próxima edição da Casa Cor, ou aparecer alguma arquiteta, com a sua visão clean, dizer que a nossa casa também esta fora de moda. A decoração não é escolhida dentro do nosso estilo, por aquilo que somos e construímos em nossa história, ou pelo que herdamos de nossa família, mas sim por aquilo que o mercado, e a moda, diz ser a “última tendência”.
Creio, companheiras, que o amor é um valor anticapitalista. Todas nós, mulheres, sabemos que melhor que ser desejada, é ser amada. Pensemos sobre isso companheiras. Lembremos que uma sociedade sólida é construída de homens e mulheres. E que sociedade que sonho, e luto por ela, é feita de homens e mulheres em condições igualitárias. Esse não é o mundo em que vivo, mas o mundo com o qual sonho.

Se é utópico, ou não, o que quero, só o tempo vai mostrar. Mas acredito nisso agora. E se, o que somos aquilo que vivemos, também sou mito. Afinal, como lutar e não sê-lo? Somos todos mitos. Só não somos mitos para nossos travesseiros. È ele quem enxuga a lagrima do nosso último choro.
Busquemos um tempo para nós, para nossas famílias, para nossas relações de amigos. Ler livros que falem de coisas belas e que nos remetam ao amor que merecemos, ao respeito que buscamos. Não deixemos que as falácias e as coisas impostas pelo regime capitalista nos tirem do centro daquilo que verdadeiramente nos faz gente.
Creio que o amor não dura só nove meses como dizem, pois minha mãe não me abandonou quando fiz nove meses e nem Deus esqueceu de mim quando fiz meu aniversario de dois anos. O verdadeiro amor é para sempre. A projeção acaba com  a realidade, quando descobrimos aquilo que realmente a gente é. Não comungo com essa idéia. Os meus amores de raízes que já não estão mais aqui são a base do que sou e serão sempre. Os amores que encontrei de amigos também serão para sempre, não importa onde eles estejam. Conheci o verdadeiro amor de mulher  aos 40 e o amarei ate os 200.

Reflexões de Juscilene Pereira Barros



"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa

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