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sábado, 30 de julho de 2011

Distantes de nós mesmas


 Alguma vez você já se sentiu só? Você já procurou entrar fundo nesse sentimento de solidão para perceber o que acontece?
No vocabulário de língua portuguesa a palavra "solidão" significa: estado de quem se sente ou está só.
A solidão é um estado interno, a princípio um sentimento de que algo ou alguém está faltando. Uma sensação de separatividade e desconexão com algo ainda inconsciente, sendo que numa visão espiritualista é a separação de Deus, Eu Superior, Self, Vida ou o Todo.
Cada ser humano vem sozinho ao mundo, atravessa pela vida como uma pessoa separada e morre finalmente sozinho. As fases de passagem pela vida física e para além dela trazem muitas experiências, onde tudo é passageiro e impermanente. As situações, os encontros e os fatos da vida surgem, permanecem por algum tempo e se vão.

De fato, os seres humanos não nasceram para viverem sós. Nós somos seres gregários, precisamos da companhia, do carinho, da proteção, da amizade, do compartilhar. É na troca dentro das relações ou papéis que representamos, que desenvolvemos competência para interagir com cada um deles, pois na vida humana o que nos diferencia dos nossos irmãos animais são os processos de aprendizado estabelecidos na relação com seu semelhante. O pior tipo de solidão é aquela que mesmo em companhia de pessoas queridas, sentimos o vazio, a falta de alguém ou algo. Na solidão é onde mais crio, mais tenho pensamentos dialéticos, e onde me sinto mais produtiva, creio que quanto mais produzo, mais me distancio de mim mesma. Na solidão estou sempre lendo, ouvindo, escrevendo, interagindo, mas curiosamente só.

Solitários de plantão, permitam-me um dica amorosa: a solidão não existe, ela é o abandono que pratico comigo mesma. Eu tenho em mim a dose de amor correta de tudo aquilo que necessito e se me der este amor, se entender que sou eu que curo as minhas relações e não a presença do outro, de quem ainda me mantenho dependente, em pouco tempo poderei estar inteira para viver uma gostosa relação de amor com meu próximo.

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência!
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio!
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente... Isto é um princípio da natureza!
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância!
Solidão é muito mais do que isto...
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.
Esse texto partiu de um diálogo com uma jovem amiga de apenas 23 anos, creio eu que ela se perdeu de si mesma, no momento, no vazio de quem se perdeu de si. Nesse diálogo nos identificamos muito. Me sinto só, mesmo quando estou trabalhando com mais de quarenta e cinco pessoas ao mesmo tempo ou em sala de aula com maravilhosos colegas e brilhantes mestres. Descobri nesse retiro em diálogo com minha jovem amiga que não se morre apenas de enfarte ou de dengue, mas também de solidão e de saudade.
Minha querida e companheira, creio eu que se houver reencontro de outras vidas, já nos vimos muitas vezes em muitas vidas. Bom, sou cética, a minha fé passa pela teoria da libertação, acredito mesmo que o nosso encontro seja um encontro ideológico e que venceremos nossa solidão num debate profundo, em transformação da realidade do nosso povo. Povo esse que somos parte dele.
Deuzely, minha jovem amiga, espero que você se encontre em breve. Respeitosamente.




 Jucilene Pereira Barros




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