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terça-feira, 26 de julho de 2011

É necessário chorarmos por Amy Winehouse aqui no Brasil?

A cantora Amy Winehouse morreu em Londres, neste sábado, dia 23 de julho de 2011. Segundo o site Sky News, o cadáver da cantora foi encontrado em seu apartamento no norte de Londres.

A vida e a carreira de Amy Winehouse foram marcadas por escândalos e consumo de drogas. A partir da descoberta da morte da cantora a mídia brasileira não parou mais de falar sobre o assunto. Curiosamente a Globo News juntou seus melhores jornalistas para debater sobre a morte da cantora britânica. O Brasil parou para discutir essa triste fatalidade. Porque será que a Globo e os outros canais de televisão deram tanta ênfase a esse fato? Será que para segurar mais audiência para as fortunas que fazem em cima das tragédias humanas? Para essa mídia funerária quanto mais trágico, melhor.

Creio eu que não preciso ficar o dia inteiro diante da televisão, na internet ou em nenhum outro tipo de mídia. Basta olhar para os lados quando saio na rua para ver o número de crianças drogadas, consumidas pelo crack e por todos os tipos de drogas. Corpos sem alma. Almas essas que as drogas consumiram.

Quantos jovens brasileiros a nação perdeu para as drogas? Não que não sinta muito. Entristeço-me de ver a morte dessa jovem, mas prefiro continuar me preocupando e chamando a atenção de quem posso chamar, para debatermos a nossa própria realidade. E falarei da realidade de minha própria cidade. Moro num bairro, em Goiânia, da chamada classe média e todas as manhãs quando saio de casa para trabalhar e paro numa padaria ao lado, a primeira cena que vejo são crianças e adolescentes em bando, que passaram a noite nas ruas se consumindo nas drogas. Por um  outro lado, pela contramão da vida, pessoas em seus carros luxuosos, comprando todos os tipos de guloseimas para levar para casa, para alimentar seus filhos, de olhos fechados para essa realidade que vive ao lado. É como se esses bandos fossem invisíveis e não fizessem parte do censo. E esses são os chamados meninos de rua. Triste sinal de fracasso de modelos sociais impostos a nós. 

Toda criança deve pertencer a um lar. E um lar é diferente de uma casa. Dentro de um lar há uma constituição chamada família e a primeira base dessa constituição precisa ser uma proposta chamada Amor. Não o amor idealizado, mas o amor a partir do qual nos propomos todos os dias cuidarmos uns dos outros. 

Quantos jovens que poderiam estar se formando nas universidades para serem médicos, advogados, cientistas, jornalistas, professores etc e estão largados nas ruas sem nenhum futuro. Vidas jogadas fora. E aqueles que ficam diante da TV chorando por aquilo que está de fora da nossa realidade brasileira, preferem cada vez mais levantar os muros de suas casas, colocar cercas elétricas, morar em condomínios cada vez mais cheios de câmeras, investirem mais em tecnologias para segurança, blindarem seus carros, viverem em verdadeiras fortalezas, com câmeras para todos os lados, do que pensar em investir na maior segurança: o cuidado com o futuro das nossas crianças. Será que já banalizamos tudo?  Porque as crianças brilhantes são nossas, mas não nos esqueçamos que as errantes também, pois tenho a consciência de que nenhuma mulher pariu um filho para entregar “nas mãos das drogas”. 

Quantas famílias destruídas pelas drogas temos em nossa volta? Quantas vozes maravilhosas como a de Amy Winehouse se calaram para as drogas?  Antes de nem elas mesmas saberem que tinham tal dom, porque as drogas já fizeram delas mortas vivas.
É necessário que pensemos: quantas “Amy Winehouses” brasileiras perdemos todos os dias anonimamente? Mas em uma sociedade em que os profissionais, que em suas ciências discutem a sociedade, vivem em situações indignas, com baixos salários, desempenhando muitas atividades e se desgastando para sobreviver. Nossos filósofos, nossos sociólogos, antropólogos, desempregados ou ganhando “salários de fome” e sendo destratados, como se suas profissões não servissem para nada. Penso eu, sobre essa realidade, que para termos uma sociedade bem organizada é preciso valorizar nossos pensadores, para que a nossa juventude troque as drogas por um livro do Pablo Neruda e por uma canção do Chico Buarque.
Jucilene Pereira Barros

Um comentário:

  1. Educador Sander de Sales Amaral26 de julho de 2011 às 07:55

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